terça-feira, 10 de abril de 2012

Alimentação na Medicina Tradicional Chinesa

O Dr. Henry C. Lu Phd (1997, p. 21), que lecionou na Universidade de Alberta no Canadá e hoje dedica-se ao ensino da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e à tradução de seus clássicos para o inglês, expressa que:

“Há três fases de “verdade” com respeito à saúde tanto quanto em outros campos de conhecimento, o qual deveria ser completamente entendido e distinguido por um outro: 1. algo é verdadeiro, mas ninguém sabe sobre isso ainda; 2. algo é verdadeiro e algumas pessoas sabem sobre isso através de experiências; e 3. algo é verdadeiro, que tenha sido verificado pelos cientistas”.

Cita também que: “Se a população do século III da china fosse esperar a descoberta da ciência ocidental para as causas do bócio e da cegueira noturna, teriam de esperar muito para terem alivio dos seus males. No entanto, naquele período, já havia uma indicação de uso de algas marinhas para o bócio, e de fígado para a cegueira noturna. Na época, não se sabia que as algas tinham iodo, ou que o fígado tinha vitamina A. Mas isso não impediu que se desenvolvessem tratamentos. Não foi necessário esperar até o século XVIII para que a Ciência descobrisse no iodo a cura do bócio e, no século XX, a descoberta da vitamina A”. O que demonstra, que a humanidade para sua felicidade é capaz de encontrar seus caminhos de muitas maneiras.
A MTC estuda as fontes e formas de vitalidade que o corpo possui, onde elas são armazenadas, como se distribuem e o que as leva ao desequilíbrio. Sua visão de anatomia, fisiologia, patologia, terapêutica, bem como o estudo da etiologia das doenças possuem características próprias, diferenciando-se da medicina ocidental.
O conceito de alimentação está integrado ao de medicina e por tanto considerado um fator importante na manutenção da saúde. O estudo da qualidade terapêutica dos alimentos difere dos padrões estabelecidos no ocidente, por considerar as qualidades energéticas e não as químicas como referência na sua utilização. E apesar de parecer para nós ocidentais o parâmetro energético estranho, ele é facilmente aprendido.
Dois conceitos básicos: “Uma boa alimentação deve ser bem colorida”- a visão energética relaciona as cores dos alimentos a uma variedade de energias necessárias ao equilíbrio do organismo, tendo assim a presença das Cinco energias que compõem o ser humano. Consequentemente, esta variação de cores trará também a de elementos nutricionais químicos.
“Uma boa alimentação equilibra os alimentos quentes e frios”- numa divisão em duas polaridades existentes na natureza, yin e yang, os alimentos tendem a pertencer a uma ou a outra. Estas polaridades em equilíbrio no corpo sustentam a nossa saúde e o oposto nos leva ao adoecimento. Portanto, deve-se evitar uma alimentação que tenda para o extremo de um dos polos.
Alimentos de natureza quente são: carnes, massas, oleaginosos, doces, cereais, leguminosas, sementes, frituras e assados. Alguns mais quentes são: canela, cravo, anis estrelado, gengibre e alho.
Alimentos de natureza fria são: folhas, frutas, legumes. Alguns mais frios são: pera, melancia, caqui, pepino e água de coco.
Alguns alimentos estão no meio do caminho entre um polo e outro, e podem ser considerados mornos, como é o caso das raízes e da maça que estão próximas do quente e do feijão moyache que tem natureza mais fria.
É comum no frio tendermos a comer alimentos mais quentes e, no calor, mais frescos, porém sempre deve haver a combinação dos dois.
No caso de desequilíbrios internos, podemos usar este princípio para ajudar na recuperação. Se estivermos com calor interno ou febre, podemos comer alimentos que refresquem o corpo ou se nos sentimos fracos, cansados e com as extremidades frias, os alimentos quentes podem nos ajudar.
Na culinária oriental, ao pedir-se carne ou massa, estas virão acompanhadas de folhas e legumes, sempre buscando a combinação e o equilíbrio.
Os sabores dos alimentos e as suas cores, representam a sua característica energética, regulando e suprindo o organismo de vitalidade relacionada: ao Sangue, Energia, Líquidos internos e Cinco Órgãos (cinco elementos).
Os cereais são considerados o melhor dos alimentos pelo seu equilíbrio energético, dentre eles, a cevada é a que mais beneficia o organismo, em função de sua qualidade de regular os líquidos orgânicos, suprindo na deficiência e estimulando a eliminação no excesso.
A MTC não considera a alimentação como o único ou o melhor tratamento para curar às doenças, no entanto, ela é essencial na prevenção de desequilíbrios e na manutenção da saúde. Já a alimentação desequilibrada, pode piorar em muito os problemas da pessoa.
Recomenda-se para manter o equilíbrio da nossa energia vital comer 80% da fome em cada refeição para não sobrecarregar demais o organismo durante a digestão e mobilizar energia excessiva nesta função em detrimento de outras.
É claro que esta medida deve ser mensurada com bom senso, já que há situações, em que as pessoas, se alimentam em quantidade maior ou menor do que deveriam.

Lu, Henry C. Alimentos chineses para a longevidade: a arte da longa vida. São Paulo: Roca, 1997.

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