domingo, 22 de fevereiro de 2009

Acupuntura para todos

Das técnicas relacionadas a Medicina Tradicional Chinesa, a acupuntura é a mais difundida na atualidade. No Brasil, uma importante mudança ao aceso a este tratamento pela população em geral, ocorreu com a regulamentação pelo SUS das Medicinas Complementares Alternativas (MAC), a serem praticadas nos centros de saúde, dentre elas estão a acupuntura, a homeopatia e a fitoterapia. Com isto as prefeituras que quiserem implantar estas práticas estão autorizadas.
A regulamentação feita pelo SUS permite que as aplicações de acupuntura sejam feitas por profissionais de todas as áreas da saúde o que é um grande avanço para a manutenção do ensino e prática democrática da acupuntura, à revelia da pressão feita por uma parcela da classe médica que reivindicava ser apenas ela apta a exercer essa função.
Curiosa essa posição das associações de acupuntores médicos. Dentro dessa lógica, os seus membros mais antigos estariam esquecidos que seus professores não eram formados na medicina ocidental, mal sabiam estes mestres da tradição chinesa, que dividiram seu conhecimento com todos que os procuraram, que hoje seus alunos médicos, fazem propostas no Congresso Nacional para que só eles possam ser acupunturistas.
Atualmente nas escolas de acupuntura só para médicos, o fato de ter somente professores médicos lecionando, da a impressão ao aluno que a acupuntura é uma prática restrita a essa classe.
A questão no caso, que quero levantar aqui e que considero mais importante, não é a de quem vai aplicar a acupuntura, mas com que qualidade terapêutica será feita.
Hoje a discussão sobre a acupuntura, não é mais em relação a sua eficácia e relevância cientifica, muitos são os estudos nesta área, mas em relação a como ela é aplicada. Quem tem o direito a exercer tal função, deve ser decidido mais pelas suas qualificações como detentor de conhecimento do que como membro de uma classe profissional.
A busca pela regulamentação do ensino e da prática democrática da acupuntura na legislação brasileira, acontece no Congresso Nacional desde 1984 e isto só não aconteceu ainda, pelo constante bloqueio a este projeto pelas associações de acupuntores médicos. Que preconizam a sua melhor qualificação nesta área. Outra curiosa postura de uma classe, que deteve durante anos um pensamento preconceituoso em relação a medicina chinesa, chamando-a de crendice e seus praticantes de charlatões. E agora, alguns de seus representantes se dizem donos da verdade.
Com a preocupação de garantir uma boa formação profissional de seus alunos, várias medidas foram tomadas pelos cursos (abertos a todos) de acupuntura. Hoje o aluno deve ter no mínimo segundo grau completo, o curso deve ter o número de horas exigido pelo MEC para cursos técnicos, mas principalmente, o aluno é orientado a ter postura ética de não interferência com o direito do cliente em procurar as prescrições de outros profissionais da saúde.
Em resumo o aluno deve sair do curso com um bom instrumental de medicina chinesa, sem se achar apto a fazer milagres, respeitando as suas limitações e buscando o melhor para seu cliente.
“Se você não é Deus, não diga que faz milagres.”

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Tai Chi Pai Lin

Tai Chi Pai Lin refere-se à escola criada em São Paulo pelo Mestre Liu Pai Lin, caracterizada pela forma particular e diferenciada de ensinar o Tai Chi Chuan e outras práticas afins provindas da China e de origem Taoista.
Para o Mestre Liu, o conhecimento Taoista embasa-se num tripé essencial para a compreensão dos cuidados à saúde, formado por:
Movimento - Tai Chi (ensinado no estilo Tao Kun, de base Taoista da montanha Kuan Luan)
Medicina - Tui Na, Acupuntura, Fitoterapia Chinesa e outros.
Meditação - Tao In.
O Tchi Kun, prática bastante divulgada atualmente e também ensinada pelo Mestre Liu, propõe a união entre o movimento e a interiorização, com o objetivo de mobilizar a energia vital (Tchi). Era considerada pelo Mestre Liu como um treinamento do "Pequeno Tao", por não ter a profundidade meditativa das práticas do "Grande Tao" (Tao In), que visam à serenidade e à busca do vazio. Apesar da sua importância como poderosa ferramenta para potencializar a vitalidade, deve ser ensinada com cuidado, pois, quando mal compreendida, mobiliza a energia de forma pouco natural e espontânea, caracterizando-se na contramão de uma prática saudável.
O Tai Chi Chuan pode ser descrito como uma meditação em movimento, o que o diferencia, valorativamente, das práticas de ginástica. O Mestre Liu, nos seus ensinamentos sobre o Tai Chi, não privilegiava a vertente da luta, pois considerava que esta ênfase não era mais necessária na atualidade.
Para ele, no contexto da modernidade, o enfoque deve ser nos aspectos relacionados à manutenção da saúde e à busca de um aprendizado de recolhimento e serenidade, que são mais compatíveis com as necessidades atuais de bem estar e de desenvolvimento pessoal do ser humano. Na atualidade, podemos dizer que a marcialidade implícita nos movimentos do Tai Chi Chuan volta-se mais ao combate dos "tigres que nos devoram por dentro" do que aos oponentes presentes no exterior.
Quanto ao ensino da Medicina Chinesa, o Mestre Liu inovou na medida em que introduziu o pensamento centrado no autocuidado e no desenvolvimento da pessoa no decorrer de sua vida, lançando mão de práticas específicas para tal objetivo. Do ponto de vista do trabalho terapêutico, incentivava seus alunos, futuros terapeutas, a preservarem a sua própria saúde, enquanto um requisito para estarem aptos para cuidar do outro, dizendo que: "quem se atreve a cuidar dos outros deve, no mínimo, saber cuidar de si mesmo". Assinalava também a importância de se orientar a pessoa para participar ativamente do tratamento, ensinando-lhe as técnicas adequadas a serem aplicadas por si mesmo com o intuito de acelerar a sua recuperação. Estimulava também os futuros terapeutas a sempre dividirem o seu conhecimento com quem estava sob os seus cuidados.
Em relação às práticas de meditação profunda, transmitidas sob o nome de Tao In, o Mestre Liu trazia sua verdadeira caracterização, sempre com o cuidado de não banalizá-las na perspectiva de custo e benefício, princípio tão cultivado nos dias de hoje. A busca da serenidade e do consequente autoconhecimento que advém dela, não devem ser confundidas com a busca do poder pessoal e da autoafirmação no mundo.
Uma brincadeira feita por mim, e por alguns colegas, era relatar, a quem nos perguntasse sobre o resultado obtido com a prática de meditação, que ela não nos deixou menos idiotas, só nos fez perceber o quão idiotas nós éramos.
Outras informações disponíveis em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Liu_Pai_Lin